sexta-feira, 10 de julho de 2009

LIBERDADE NO TRABALHO


RESUMO
Liberdade e trabalho, qual o verdadeiro sentido da palavra liberdade e qual o propósito do homem trabalhador em conquistar-la. Para muitos liberdade é sinônimo de satisfação, felicidade e crescimento, mas são muitos também que esquecem que a liberdade vem acompanha de uma dose extra de comprometimento e responsabilidade.
Palavras-chave: Liberdade; Responsabilidade; Trabalho; Trabalho alienado.


1 INTRODUÇÃO
Nesse trabalho iremos abordar o tema liberdade no trabalho, a importância de se está satisfeito com e realizado com as atividades exercidas, os grandes danos que a insatisfação e falta de liberdade no trabalho podem causar em nossas vidas. As responsabilidades que agregamos com a conquista da liberdade e de que forma é possível obter liberdade.

2 CONCEITO DE LIBERDADE

Liberdade é não se submeter à pressão de outro individuo, é poder escolher e fazer o que se deseja, expressar, manifestar livremente opiniões, idéias e pensamentos, para fazer aquilo de que gostamos, é ser independente.
Ser livre é tomar suas próprias decisões e agir como se deseja, sem qualquer determinação causal, quer seja exterior (ambiente onde vivemos), quer seja interior (desejos, caráter). (ARANHA; MARTINS, 1993).


Neste sentido, Bossuet (apud ARANHA; MARTINS, 1993, p.299) diz o seguinte:
Por mais que eu procure em mim a razão que me determina, mais sinto que eu não tenho nenhuma outra senão apenas a minha vontade: sinto aí claramente minha liberdade, que consiste unicamente em tal escolha: É isto que me faz compreender que sou feito á imagem de Deus.

A liberdade se torna verdadeira quando dá ao homem um poder, um domínio sobre si e suas decisões. Esse desejo de poder controlar a si mesmo e duas decisões, é um sentimento que esta enraizado no ser humano e quando esse desejo não é satisfeito, frustra o crescimento e o desenvolvimento desse indivíduo.

Engels (apud HUISMAN; VERGEZ, 1987, p.325) diz o seguinte:
Não é no sonho de uma ação independente das leis da natureza que consiste a liberdade, mas no conhecimento dessas leis e na possibilidade de faze-las agir sistematicamente, visando a fins determinados. A liberdade consiste na soberania sobre nós mesmos e sobre o mundo exterior, fundamentada no conhecimento das leis necessárias da natureza.

A liberdade não é alguma coisa que é oferecida, mas resulta de um ideal. Segundo Aranha; Martins (1993, p.300), “Liberdade não é uma dádiva, algo que é dado, nem é um ponto de partida, mas é o resultado de uma árdua tarefa, alguma coisa que o homem deve conquistar”. Disso talvez venha o resultado do medo que muitos indivíduos sentem de perder a liberdade que conquistaram.

2 LIBERDADE E RESPONSABILIDADE

A responsabilidade é uma conseqüência da liberdade, pois quem toma decisões, tem que do mesmo modo reconhecer e assumir as conseqüências e os efeitos das mesmas, portanto a liberdade não é ausência de responsabilidade, mas a capacidade de decidir com bom senso. Circunstância como a escolha da profissão, o casamento, compromisso político e religião fazem o homem encarar a si mesmo e exigem dele uma decisão responsável quanto a seu próprio futuro (RENASCEBRASIL, 2009).

A adolescência é a fase em que se torna mais forte a reivindicação de liberdade e é também o período em que se inicia o aprendizado da responsabilidade. A liberdade e a responsabilidade são estruturas absolutamente necessárias na construção de um indivíduo como pessoa, pois é através da liberdade e da responsabilidade que um indivíduo é capaz de se tornar realmente independente. (NOTAPOSITIVA)

Neste sentido, Tomelin e Siegel (2005 p.116) diz o seguinte:
A liberdade passa a significar o direito que cada pessoa possui para poder fazer tudo aquilo que não venha a prejudicar aos outros. As leis exercem o papel de dar garantia individuais e assim assegurar a liberdade do cidadão. Elas são fruto de um contrato social que determina os limites da condição individual diante do coletivo e os limites do coletivo diante do individual.

Assim como somos livres em escolher, temos que ter consciência que nossas escolhas implicam um ato que deve estar baseado em responsabilidade. É importante lembrar que vivemos em sociedade e nossas escolhas influenciam outras pessoas.

3 LIBERDADE NO TRABALHO

O trabalho é um elemento que diferencia o homem e do animal, pois é através dele que o homem produz seu sustento, e os animais apenas repetem instintivamente seus atos num impulso pela vida. (ARANHA; MARTINS, 1993).

O trabalho é uma atividade peculiar do homem. Segundo Aranha e Martins (1993, p.6), “O trabalho é a atividade humana por excelência, pela qual o homem intervém na natureza e em si mesmo. O trabalho é condição de transcendência, e, portanto, é expressão da liberdade”. O trabalho realiza o homem, faz com que ele cresça e se desenvolva, a liberdade o formar internamente como individuo. O trabalho só é humano quando nasce da liberdade e a desenvolve.

Com a revolução industrial, o homem deixou de cultivar a terra e produzir somente o suficiente para o seu sustento e foi programado para exercer um novo papel no moderno sistema industrial, ele passou a ser uma peça, uma engrenagem em seu meio de trabalho. Como diz Aranha; Martins (1993, p.302), “A escravidão é condenada e o contrato de trabalho se apresenta como uma forma legal de acordo livre entre iguais: o dono do capital paga o salário ao operário; este, por sua vez, vende sua força de trabalho”. Os homens estavam farinados com o aumento da liberdade e cegos para as restrições.

Neste sentido, Fromm (1980, p.95) diz o seguinte:
No capitalismo, as atividades econômicas, o sucesso, as vantagens materiais passaram a ser fins em si mesmos. O destino do homem tornou-se contribuir para o crescimento do sistema econômico, ajuntar capital, não tendo em vista sua própria felicidade ou salvação, mas como um fim por si mesmo. O homem converteu-se em dente de engrenagem da vasta maquina econômica – importante se dispunha de muito dinheiro, insignificante em caso contrario -, mas sempre um dente de engrenagem para servir a uma finalidade a ele alheia.

O homem foi possuído pela submissão a fins alheios. Para ajustar a forte tendência a mecanização do trabalho que nasceu com a aplicação de métodos rigorosos e precisos, pelos quais os trabalhadores eram obrigados a se submeter, surgiu a teoria de relações humanas que tinha como objetivo libertar os trabalhadores dos conceitos rígidos e mecanicistas e essa teoria se baseava em experiências feitas em uma fabrica, a qual focada no bem-estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e boas condições de trabalho. Esse estudo determinou que quanto mais integrados socialmente no grupo de trabalho, mais disposição os operários terão para trabalhar.

Os intervalos de descanso e paradas para café são importantes não somente porque reduzem fadiga física individual, mas especialmente porque estimulam um meio para que os trabalhadores interajam, formando grupos sociais. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente, mas como elemento de um grupo.

Após essa fase, as industrias passaram a dar mais atenção aos fatores que motivam seus operários a trabalhar melhor, situações que envolvem sentimentos de crescimento, reconhecimento profissional, auto-realização, isso acabam dando ao operário uma sensação de liberdade e de bem-estar nas tarefas a serem realizadas.

4 TRABALHO ALIENADO

Alienação no sentido jurídico quer disser perder a posse de um bem; na loucura, o individuo perde a noção de si e na relação com o outro; na idolatria perde-se a autonomia. (FILOSOFANDO, 1993).

No sentido de trabalho, é aquele trabalho que você exerce, mas que não lhe dá prazer e mesmo assim você continua a exerce-lo por que precisa dele. Com isso você não se desenvolve profissionalmente e nem amadurece.

No trabalho alienado, o trabalhador não trabalha para satisfazer as necessidades pessoais, mas para poder ganhar um salário, desse modo o individuo não se sente mais livremente ativo.

Neste sentido, Contrim (apud TOMELIN; SIEGEL, 2004, p.141) diz o seguinte:
Primeiramente, o trabalho alienado se apresenta como algo externo ao trabalhador, algo que não faz parte de sua personalidade. Assim, o trabalhador não se realiza em seu trabalho, mas nega-se a si mesmo. Permanece no local de trabalho com uma sensação de sofrimento em vez de bem-estar, com um sentimento de bloqueio de suas energias físicas e mentais, que provocam cansaço físico e depressão. Nessa situação, o trabalhador só se sente feliz em seus dias de folga enquanto no trabalho permanece aborrecido. Seu trabalho não é voluntário, mas impostos e forçado.

A vida do trabalhador perde o sentido, pois o trabalho passa a ser simplesmente um meio de sustento, contrariando com isso a relação que deveria ter com o trabalho (satisfação, crescimento), desta forma o trabalho alienado termina por alienar o individuo. Neste sentido Aranha; Martins (1993, p.6), “Muitas vezes é condição de alienação e de desumanização, sobretudo nos sistemas onde as divisões sociais privilegiam alguns e submetem a maioria a um trabalho imposto, rotineiro e nada criativo. Em vez de contribuir para a realização do homem, esse trabalho destrói sua liberdade”. Dessa forma o homem torna sua vida vazia e sem significado.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sem duvida muitas pessoas conservam seus trabalhos simplesmente para obter sustento, sem ter satisfação e qualquer outro interesse nas tarefas que desempenha, mas também são muitas as pessoas que caíram nessa armadilha e tiveram a coragem e pular fora e ir a busca de um novo trabalho que lhe desse satisfação e liberdade de espírito para buscar crescimento, satisfação, reconhecimento profissional e auto-realização.

Existem empresas que em pleno século XXI, ainda tratam seus funcionários e trabalhadores não como um ser humano, mas como uma coisa, uma maquina, que não precisa de motivação para se sentir satisfeito e realizado, conseqüentemente eliminado qualquer chance do trabalhador tomar qualquer decisão, inclusive sobre sua vida pessoal, pois ele se sente totalmente amarado e independente do seu trabalho.

8 REFERÊNCIAS

ARANHA, M. L. A; MARTINS, M. H. P. Filosofando. Introdução a Filosofia. Editora Moderna: São Paulo, 1993.
FROMM, Erich. O medo á liberdade. Editora Zahar Editores: Rio de Janeiro, 1980.
NOTAPOSITIVA. Relação entre Liberdade e Responsabilidade. Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2009.
RENASCEBRASIL. Liberdade. Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2009.
TOMELIN, J. F; N. SIEGEL. Filosofia. Indaial: Ed. ASSELVI, 2005.
HUISMAN D.; VERGEZ A. A ação. Editora Freitas Bastos: Rio de Janeiro, 1987.

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